Convidado pela Associação dos Municípios Capixabas para falar na abertura do 1º Fórum dos Prefeitos, em Guarapari, o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, conselheiro Sérgio Aboudib, disse que, como guardiã da Lei de Responsabilidade Fiscal, a Corte cumprirá seu papel e não flexibilizará limites que a própria Lei não flexibilizou”.
Ele destacou o curso de uma crise sem precedentes na história do país e recomendou que os prefeitos produzam orçamentos conservadores. “A crise é fiscal, é econômica, é política, é ética, declarou ele, ao alertar que as incertezas afastam os investidores”.
Ao lamentar que o país esteja paralisado, Aboudib comparou a realidade do Brasil de hoje à de uma família que perdeu o controle das suas finanças: “Ao exceder os gastos com o cartão de crédito, o governo federal usou o cheque especial; para pagar o cheque especial, deu cheque sem fundos de outro banco; e acabou fazendo empréstimo com um agiota para resolver o problema”.
O presidente do Tribunal revelou que nos dois primeiros meses deste ano o Estado arrecadou quase 500 milhões de reais a menos do que o previsto e que as transferências federais foram zero, destacando as consequências da paralisação da Samarco, da diminuição das atividades da Petrobras e do Estaleiro Jurong, das ameaças à Vale e dos efeitos da seca.
Aboudib recomendou que os prefeitos usem o bom senso ao fazerem seus orçamentos, produzindo expectativas conservadoras que possam ser suplementadas no futuro, caso haja excesso de arrecadação, o que não vai ocorrer, segundo ele. “Esse é o ponto. Não haverá excesso de arrecadação”.
E desafiou: “É hora do gestor aparecer. A crise mostra quem sabe e quem não sabe administrar. Navegar com vento a favor, é mole. Difícil é navegar em mares agitados. Está na hora de buscar receitas. Atualizar a planta de valores imobiliários, que é base para cobrança do IPTU. E desenvolver parcerias com o Sebrae, buscando incentivar o empreendedorismo, gerando atividades econômicas novas”.
“Acima de tudo, está na hora de rever despesas. Há que se fazer um esforço diário para o pé caber dentro do sapato. E cada dia o sapato fica menor. O país que sairá dessa crise terá que rever o seu tamanho, e escolher onde deseja ver o dinheiro dos impostos sendo aplicado. No mundo real, estão acontecendo demissões; pensar em aumentar a folha de pagamento agora, é contratar o fracasso”, disse o conselheiro.
Aboudib destacou sua certeza de que “a atuação de um gestor atento, que corta despesas, gerará inclusive dividendos eleitorais. O eleitor conhece a crise. Mas precisamos nos preparar para o momento em que ela passar, pois, quem se posicionar bem saberá aproveitar melhor as oportunidades”.
Aboudib acha que o Brasil vai ser cada vez mais rigoroso com a utilização dos recursos públicos. “É preciso melhorar a instrução processual, o que estamos fazendo. Toda a área técnica do Tribunal já está sendo capacitada visando à implantação do manual de auditoria de conformidade, como previsto no nosso Plano Estratégico”.
Informações à imprensa:
Secretaria de Comunicação do TCE-ES
secom@tcees.tc.br
(27) 98159-1866