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Especialistas em mídia e combate à desinformação mostraram os principais caminhos para reduzir o problema causado pela disseminação de mentiras na sociedade. Para eles, a solução para este problema passa pela educação midiática, a transparência nas informações públicas e a regulamentação das redes sociais.
O assunto foi debatido na tarde desta segunda-feira (24), na assinatura do termo de cooperação para combater a desinformação e desenvolver, por meio de uma rede, estratégias de comunicação de forma coordenada. Participaram do encontro o coordenador de Relações com a Sociedade e Combate à Desinformação no Supremo Tribunal Federal (STF), Victor Durigan, o professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade de Virgínia (EUA) David Nemer, e o vice-presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e presidente da Rede Gazeta, Café Lindenberg. Todos ressaltaram a importância das instituições públicas assinarem o termo de cooperação.
O representante da ANJ foi o primeiro a tecer seus comentários sobre o tema. Para Café, o combate à desinformação não pode ser algo exclusivo do cidadão. “Empresas, academia e instituições públicas devem atuar de forma responsável para reduzir a desinformação. É fundamental que o poder público se envolva com este tema de forma transparente e comprometida com princípios democráticos”, disse.
Em sua fala, Lindenberg também reconheceu a crise de credibilidade do jornalismo e ressaltou a necessidade de regulamentação das redes sociais. “As redes sociais ampliaram o poder destrutivo das mentiras. Em questão de minutos elas podem afetar a vida de milhares de pessoas. Usuários vivem em bolhas informativas, recebendo conteúdos que apenas reforçam suas crenças e com grande influência das big techs. Isso reforça a necessidade de regulamentação das redes”, acrescentou.
Riscos
Na sequência, David Nemer, pesquisador sobre o tema, relacionou o aumento da desinformação com a fragilização da democracia. “Vimos uma série de discursos que polarizaram e contaminaram a opinião pública. Esses discursos visavam a erosão da confiança nas instituições públicas e essa desconfiança é muito perigosa. Quando decisões políticas e sociais são tomadas com base em dados distorcidos ou errôneos, isso fragiliza a democracia”, afirmou.
Para ele, o combate deve ser multidisciplinar. “As raízes que alimentam as desinformações estão ligadas a fatores sociais, psicológicos e tecnológicos. Da mesma forma, o combate a ela deve ser multidisciplinar, exigindo conhecimento em comunicação, política, tecnologia, transparência nos atos públicos entre outros temas”, destacou o pesquisador.
Nemer também defendeu a regulamentação das redes sociais, mostrando a existência de convergência sobre as formas de se enfrentar esse mal. “A regulação das redes sociais é essencial. Nelas, os indivíduos estão menos expostos ao contraditório. Os algoritmos priorizam informações falsas e isso faz com que elas circulem numa velocidade até seis vezes mais rápida que uma informação verídica”, pontuou.
“Assim, é preciso que o Estado que cuida dos seus cidadãos na vida offline também cuide deles no online. Enfrentar a desinformação é um ato de defesa da própria nação e uma batalha que se ganha dia após dia”, concluiu.
Parceria
Por fim, Victor Durigan, de forma semelhante aos pares, parabenizou as instituições que assinaram o termo de cooperação e disse que esta ação dá esperança de um futuro próspero. “São raros os momentos que podemos observar a cooperação em seu mais valioso sentido. A democracia plena só é alcançada quando realizada por toda a sociedade”, disse parabenizando os gestores signatários.
“Já foi dito sobre a importância da regulação das redes. Destaco, também, a necessidade da educação midiática e digital à população. Precisamos fazer com que as pessoas tenham base para consumir informação de forma crítica e as escolas prepararem os alunos para o mundo digital”, alertou.
“Sabemos que muito ainda precisa ser feito, mas nem tudo está perdido e hoje vimos um pouco disso. Precisamos encontrar soluções possíveis. Durante a pandemia, uma colaboração sem precedentes permitiu o desenvolvimento de vacinas. Ali ficou demonstrado que o progresso está relacionado às redes de cooperação e é isso que precisamos fazer”, concluiu o representante do STF.
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