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Um estudo do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES) analisou as informações existentes sobre os casos de HIV e Aids no Estado. O estudo chama a atenção para o aumento do número de casos na população capixaba acima dos 60 anos.
Segundo informações levantadas pelo Núcleo de Controle Externo de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas de Saúde (NSaúde), entre 2014 e 2022, observou-se um aumento nas taxas de HIV em pessoas com 60 anos ou mais, tanto no sexo masculino quanto no feminino. “Especificamente, entre as mulheres com 60 anos ou mais, com um aumento de 30%. No caso dos homens na mesma faixa etária, a taxa passou de 0,46 para 0,70 casos por 100 mil habitantes, um aumento de 52%”, destaca o estudo feito com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
“O aumento das notificações em pessoas com mais de 60 anos pode ser parcialmente explicado pelo estigma em torno da sexualidade na velhice, o que pode inibir o acesso a informações adequadas e reduz a percepção sobre a necessidade de buscar ajuda. Esse cenário contribui para tornar os idosos mais vulneráveis à infecção. Além disso, um dos maiores desafios na gestão da HIV nesse grupo etário é o diagnóstico tardio, já que seus sintomas podem ser facilmente confundidos com enfermidades comuns”, acrescenta o boletim.
Para a coordenadora do NSaúde, a auditora Maytê Aguiar, o estudo destaca a necessidade urgente de adaptar nossas estratégias de combate ao HIV/AIDS. “É preciso adaptar as estratégias às mudanças demográficas e epidemiológicas observadas, principalmente o aumento da incidência entre pessoas acima de 60 anos. Precisamos focar em campanhas de conscientização e prevenção que atendam a todas as faixas etárias”, destacou.
Maioria
Apesar do crescimento percentual ter sido maior nos casos acima de 60 anos, a maior parte dos diagnósticos de HIV ainda é observada entre os jovens de 20 a 29 anos, com percentuais variando entre 34,1% e 41,9%. A faixa de 30 a 39 anos também representa uma parcela significativa dos diagnósticos, com percentuais variando entre 28% e 26%.
No Espírito Santo, entre 2014 e 2023, foram notificados 10.551 casos de HIV, segundo dados do Sinan. Para cada 10 mulheres diagnosticadas, há cerca de 33 homens recebendo o mesmo diagnóstico. E, segundo o estudo, esses dados podem estar relacionados a fatores como práticas sexuais desprotegidas e à maior resistência masculina em buscar um diagnóstico precoce.
Pesquisa
A criação do boletim sobre HIV/Aids no Espírito Santo foi motivada pela gravidade e importância do tratamento prévio destas doenças – com objetivo de analisar os perfis epidemiológicos entre pessoas diagnosticadas com HIV/Aids.
“A atuação do Tribunal de Contas é fundamental para garantir a transparência e a eficácia das políticas públicas. O acompanhamento detalhado desse tema proporciona uma análise crítica sobre a implementação de ações de prevenção e tratamento”, concluiu Maytê.
Clique AQUI para ver o boletim completo.
Você sabia?
- Ter o HIV não é a mesma coisa que ter aids. Há muitas pessoas com infecção pelo HIV que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outras pessoas pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando não tomam as devidas medidas de prevenção. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações.
- Com os testes rápidos é possível obter um resultado em cerca de 30 minutos. Esses testes são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Também é possível saber onde fazer o teste pelo Disque Saúde (136).
- O HIV-AIDS representa um fenômeno de caráter global, com características epidêmicas que variam de acordo com os contextos regionais e culturais em que ocorrem, moldados por fatores sociais, econômicos e comportamentais específicos de cada região/cultura.
- O Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a oferecer acesso gratuito e universal à terapia antirretroviral (TARV), testes e cuidados para as pessoas com o diagnóstico da infecção pelo HIV.
- Segundo estatísticas da UNAIDS , em 2023 foram registrados aproximadamente 1,3 milhão de novas infecções por HIV no mundo, o que representa uma redução de cerca de 62% em relação ao pico, de 3,4 milhões de novos casos registrados no ano de 1996.
- Esse declínio contínuo nas infecções é atribuído a avanços em estratégias de prevenção, como o aumento da testagem, o acesso à terapia antirretroviral (TARV) e iniciativas de educação e conscientização sobre o HIV.
Resumo em tópicos
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