Rever os padrões e rotinas de auditoria. Melhorar a comunicação com o fiscalizado e a sociedade. Possuir plataformas de auditoria. Fazer treinamento e capacitação e superar o grande desafio de fiscalizar os algoritmos. Esses são os caminhos que levam a transformação do controle externo no mundo digital, elencados pelo conselheiro substituto do TCE de Pernambuco Marcos Nóbrega, no evento que marcou os 22 anos da Escola de Contas Públicas (ECP) Mariazinha Veloso Lucas.
O webinário foi realizado nessa segunda-feira (11), com a participação do presidente do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES), conselheiro Rodrigo Chamoun, que abriu o evento.
“Estamos trazendo aqui renomados especialistas para tratar de dois temas do nosso dia a dia. Ao falar em transformação do controle externo no mundo digital, é importante frisar o papel dos tribunais de contas nesse ambiente. Exercer o dever constitucional de controle externo da administração pública tornou-se desafiador diante das atuais condições em meio a tantas crises. O Tribunal de Contas do futuro exige uma atuação contemporânea. Não podemos mais ser analógicos e, sim, fazer curso intensivo da análise de dados, de TI, inteligência artificial, fortalecendo a cultura da disponibilização de dados”, frisou
Por sua vez, o diretor da ECP, conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti, enfatizou sobre os bons resultados trazidos pela escola para os servidores, jurisdicionados e a sociedade em geral.
“O perfil de competências dos auditores de controle externo está em contínua evolução num cenário de revolução tecnológica com análise de dados, por isso torna-se cada vez mais útil utilizar estratégias. A ECP está passando por um processo de transformação digital e, nos últimos dois anos mesmo com a pandemia, conseguimos nos reorganizar para continuar produzindo conhecimento, compartilhar conhecimento, utilizando plataformas inovadoras”, salientou.
Transformação digital
Em sua palestra, intitulada “A transformação digital como ferramenta de mudança no controle externo – reflexões pós pandemia”, o conselheiro substituto Marcos Nóbrega abordou as mudanças estruturais, o futuro do trabalho, como não ser “desimportante” e para onde caminham a auditoria e a tecnologia.
Quanto ao primeiro tópico, ele destacou que as mudanças estruturais se dão nas empresas e nos novos modelos de negócio. “É importante saber para onde a empresa está indo. Os auditores precisam se adaptar às mudanças nos modelos de negócios. Tecnologia e controle têm que estar atentos a isso”, assinalou.
O grande desafio nesse contexto são os modelos educacionais, destacou. “A educação precisa acontecer de forma personalizada, ou seja, adequada para a vida das pessoas, e sob demanda (quase em tempo real”), explicou. “Isso vale também para o controle”, frisou o especialista no tema transformação digital.
Sobre o futuro do trabalho e como não ser “desimportante”, o conselheiro, além de citar os caminhos que levam a transformação do controle externo no mundo digital, salientou que a tecnologia também é um catalisador que ajudará a mudar o foco do processo de auditoria de uma visão retrospectiva para uma perspectiva prospectiva.
“Entre as tecnologias disponíveis, a análise de dados é, atualmente, a mais madura e utilizada pela maioria das empresas. Não é preciso mandar auditor, gastando gasolina, para fazer checklist. É sair da licitação digital para a licitação dinâmica. Atacamos as consequências, mas fazemos pouco com as causas. O problema é a corrupção? Não pode ser. Tem algum problema nos preços adjudicados. É preciso usar mais efetivos mecanismos descreening/signaling, mitigando a seleção adeversa e o hold up”, salientou.
Concluindo, o conselheiro substituto enfatizou que transformação digital da auditoria passa por habilidades técnicas e ética; inteligência; criatividade; conscientização e aplicação de tecnologias; capacidade de identificar as próprias emoções, ter visão para antecipar tendências com precisão e possuir experiência.
Cidades inteligentes
Já a doutora em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Maria Fernanda Pires tratou do tema “Cidades inteligentes e o controle externo: interações possíveis”.
Ela iniciou conceituando o que são cidades inteligentes e contextualizou onde elas ocorrem no país e no mundo. Nesse contexto, falou da energia inteligente.
“É uma ideia já auditada em várias economias no mundo. Aqui já passamos a ter uma interação obrigatória com as Cortes de Contas, porque teremos licitações para que se possa empreender, como tratar essa energia e, para além disso, as concessões e a própria contratualização desse serviço que vai ser desempenhado pelas empresas que vencerem essas licitações” explicou.
Isso, acrescentou, será visto em todo o Brasil, mesmo nos municípios menores. “Haverá uma movimentação muito grande nessa seara. É importante que os tribunais de contas estejam preparados para essa auditagem, para esse controle e para essa fiscalização”, frisou.
A doutora falou ainda dos desafios para as cidades inteligentes, suas dimensões, como financiar essa ideia, como mensurar os resultados, entre outros tópicos.
Confira a apresentação.
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