Dando início às palestras do evento “O TCE-ES quebrando paradigmas – o setor público no pós-pandemia”, a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, palestrou a respeito da pandemia no Brasil e as perspectivas da ciência para o pós-pandemia. A médica ressaltou que já são nove meses de pandemia no país, com a morte de mais de 160 mil brasileiros, e uma situação mundial que preocupa. Ainda falando sobre o contexto, ela frisou que o Brasil, apesar de ter passado pelo pico epidêmico, não conseguiu o feito da curva de montanha, que é chegar no pico e declinar.
E ressaltou que não haverá vacina para a população brasileira este ano. “Não é possível, nunca houve uma vacina produzida em tão curto espaço de tempo. Vacinas são produtos terapêuticos que levam anos para serem feitas. A mais curta foi a de influenza, que é a vacina da gripe que recebemos anualmente, e que demorou quatro anos para ser feita e testada como eficaz e segura”, pontuou.
Margareth explicou que as vacinas, para serem aplicadas em pessoas, devem responder com máximo de rigor a dois quesitos: elas precisam ser seguras, ou seja, não causar efeito colateral grave e danos irreversíveis nas pessoas; e serem eficazes, neste caso, é necessário um recuo histórico. Em um futuro, ela ressalta que haverá várias vacinas para a Covid-19.
A pneumologista, referência nacional nas pesquisas sobre coronavírus, revelou ainda que o vírus SARS-CoV-2 não vai desaparecer do planeta, ao contrário de demais viroses respiratórias que nos antecederam, como a SARS e a MERS, que foram viroses que se ativeram em suas regiões e desapareceram. A SARS-CoV-2 adquiriu tamanha pandemicidade, que apenas a Ilha de Trindade no meio do Atlântico nunca notificou nenhum caso.
“Nós ainda mantemos no Brasil um patamar de transmissão muito alto, sobretudo em algumas áreas urbanas. Então, nas curvas móveis de casos de morte, ainda temos um número de casos muito grande. E hoje, ainda, com uma situação nova. Nós temos um grupo chamado de suscetíveis, que foram aquelas pessoas que ficaram totalmente isoladas durante sete meses e que agora estão se expondo. Sendo assim, faço um clamor lembrando a todos que a pandemia não acabou e as vacinas não são para esse ano”, acentuou.
Margareth deixou, também, uma mensagem de esperança. “Nós tivemos ao final da Peste Negra, no fim do século XIV, o Renascimento. Não podemos perder a esperança de que a pandemia trará para o Brasil um pouco mais de grandiosidade.”
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