O câncer de próstata é uma doença que tem evolução silenciosa, mas o diagnóstico precoce aumenta a chance de cura. Por isso, a recomendação dos órgãos de saúde é de que os homens procurem o urologista a partir dos 50 anos para avaliação e realização do exame anualmente. Caso tenham histórico de câncer na família, a idade é de 45 anos.
E no Espírito Santo, os dados mostram que o perfil de idade dos diagnosticados mudou. Em 2023, a maioria dos diagnósticos, que representou 54,25% foram em homens abaixo de 70 anos, enquanto 45,75% tinham acima desta idade. Isso tem ocorrido desde 2018 no Estado, como mostra o Boletim sobre o câncer de próstata no Espírito Santo, elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES) e lançado nesta segunda-feira (4).
O estudo foi realizado pelo Núcleo de Controle Externo de Políticas Públicas de Saúde (NSaúde) do TCE-ES, a partir de microdados do Painel-Oncologia, do Datasus.
Até 2017, a maioria dos homens que recebiam o diagnóstico de câncer de próstata no Espírito Santo era maior de 70 anos, o que pode indicar um fator de risco para a evolução da doença. O aumento no percentual de casos em homens com menos idade não significa necessariamente um aumento da doença, mas sim da busca por acompanhamento médico, o que leva a mais diagnósticos.
Outro dado que reforça essa análise, é que em 2023 o Espírito Santo foi o 2º Estado do país com o maior número de casos detectados, com 54,83 por 100 mil homens. Desde 2013, o Estado figura entre os cinco estados com os maiores números de casos diagnosticados, com exceção dos anos de 2018 a 2020.
De acordo com o Boletim do TCE-ES, esses números podem indicar uma alta conscientização dos homens capixabas acima de 45 anos de idade sobre a importância dos exames preventivos para a detecção precoce do câncer.
Detecção tardia
Apesar de homens mais jovens estarem buscando avaliação médica, o boletim mostra que ainda persiste no Espírito Santo uma alta taxa de diagnósticos da doença quando ela já está em estágios avançados, e que o tratamento se torna mais desafiador e as chances de cura diminuem.
Em 2023, 42% dos pacientes do Estado foram diagnosticados nos estágios III e IV da doença, considerados avançados, reforçando uma tendência preocupante de atrasos na detecção precoce. Durante o ano (2023), apenas 22,9% dos 735 casos registrados no Espírito Santo foram detectados nos estágios I e II.
A equipe também levantou que 57% dos diagnósticos em estágios III e IV ocorreram em pacientes com mais de 70 anos, o que indica que o estágio avançado da doença continua sendo predominante nas faixas etárias mais elevadas, reforçando a necessidade de melhorar a detecção precoce, especialmente entre os mais idosos.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente por alterações percebidas pelo toque retal, o que reforça a necessidade de fazer esse exame. Outros exames também são realizados pelo SUS, como exames de sangue com as dosagens de PSA, que avalia a quantidade de proteína produzida pela próstata, que, se alterada, pode indicar a presença de câncer.
É necessário que os exames sejam feitos regularmente, visto que os cânceres de próstata em fase inicial geralmente não dão sinais claros.
A coordenadora do NSaúde do TCE-ES, Maytê Aguiar, reforça a importância da rede de saúde estar estruturada para atender esses pacientes.
“Para enfrentarmos de maneira eficaz o desafio do câncer de próstata, é fundamental que a rede de saúde esteja bem estruturada para atender à crescente demanda de pacientes. Isso requer uma colaboração efetiva entre os gestores da saúde, garantindo que todos tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado. É igualmente essencial que os familiares e cuidadores dos idosos estejam atentos aos sinais de alerta e incentivem a realização dos exames preventivos.”
Início do tratamento
O tribunal também analisou, no boletim, como está o tratamento do câncer de próstata no Espírito Santo, com foco no intervalo entre o diagnóstico e o início dos procedimentos. Segundo a Lei nº 12.732/12, os pacientes têm direito a iniciar o primeiro tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) no prazo de até 60 dias da comprovação do câncer.
O TCE-ES verificou que houve uma redução significativa no tempo médio entre o diagnóstico e o início do tratamento, que caiu de 298 dias em 2013 para 84 dias em 2023, embora ainda permaneça acima do prazo legal de 60 dias.
Apenas 44,1% dos pacientes iniciaram o tratamento dentro do prazo estipulado pela legislação, enquanto 43,4% aguardaram entre dois e seis meses, o que pode impactar o prognóstico e dificultar a cura da doença.
O acesso ao tratamento oncológico no Espírito Santo, via SUS, apresentou avanços. A região Metropolitana ainda concentra a maior parte dos procedimentos de quimioterapia e radioterapia, sendo 11.796, em 2023. Desses, o percentual de pacientes que se deslocou para realizar tratamento foi baixo, 3,1%.
Já na Região Sul foram 4.193 procedimentos, e na Região Central Norte foram 6.380. Essa região, que historicamente apresentou a maior dependência de deslocamentos para tratamento, passou a oferecer tratamento oncológico especializado desde 2018. No entanto, 26,6% dos pacientes da região Central Norte ainda saíram da região de saúde onde foram diagnosticados para realizar o tratamento, em 2023.
Veja como são as regiões de tratamento e os números:
Leia o Boletim sobre o câncer de próstata no Espírito Santo na íntegra.
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