Dando continuidade a programação da primeira oficina do “Semear Cidadania”, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), por meio da Ação Psicossocial e Orientação Interativa Escolar (Apoie), compartilhou casos concretos de alunos da rede pública de ensino em situação de violência ou vulnerabilidade social e emocional no espaço escolar. Em sua fala, a psicóloga e coordenadora do programa, Priscila Nascimento, destacou que é preciso pensar ações para atuar para o atendimento dessas demandas psicossociais que interferem substancialmente no processo educacional.
O evento reuniu profissionais da área de educação, saúde e assistência social, além de representantes do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo. Durante dois dias, eles debateram o tema “Como identificar, acolher e encaminhar alunos em situação de violência ou vulnerabilidade social e emocional”.
Abrindo a primeira temática de sexta-feira (13), a psicóloga iniciou afirmando que um dos grandes desafios das instituições responsáveis pela promoção e expansão do acesso à educação no Brasil tem sido garantir não só as práticas pedagógicas adequadas, mas também as condições sócio-institucionais necessárias a garantir que o aluno tenha, de fato, condições de estudar e aprender.
As condições que constituem o ser e a sociedade são carregadas de tramas que nem sempre contribuem de forma positiva com o processo de ensino e aprendizagem, e é preciso pensar ações para minimizar esses efeitos negativos no processo educacional”, salientou.
Em seguida, ela fez uma breve apresentação da Apoie, que nasceu da necessidade se criar intervenções coletivas, construídas a partir da escuta dos sujeitos que compõem a comunidade escolar, com o objetivo de promover ações no âmbito das demandas psicossociais presentes no cotidiano escolar.
Com uma equipe composta por 4 pessoas na Unidade Central (coordenadora-psicóloga, psicóloga, assistente social e pedagoga), e com 11 duplas psicossociais, em cada uma das Superintendências Regionais de Educação, a Apoie atua através de ações compreendidas em dois eixos. Um deles é de prevenção e diálogos, que prevê algumas ações, como a Interface Busca Ativa e Projeto de Vida.
“Projeto de Vida é uma disciplina que temos no currículo agora que, muitas vezes, evidencia algumas questões sociais. O outro eixo é de apoio, acolhimento e orientações. Nos dois têm sido frequentes a temática das notificações de violência. Nas demandas de violência sexual, doméstica, física, psicológica e autoprovocada, identificamos alguns casos ocorridos no ambiente escolar e os procedimentos realizados pela escola e equipe Apoie”, frisou a psicóloga.
Na sequência, ela apresentou dois casos concretos de alunos em situação de violência ou vulnerabilidade social e emocional no espaço escolar.
“Precisamos de um olhar mais atento a essas situações. É importante pontuar a questão de como as notificações podem ter diminuído nesse período sem aula presencial. Isso porque o ambiente escolar é o espaço onde essas violências são denunciadas”, salientou.
Padrões de comportamento
Neste contexto, de identificar as evidências de como se comportam os alunos em situação de violência no espaço escolar, o psicólogo especialista em Saúde Coletiva, Clésio Venâncio deu prosseguimento à oficina. Servidor da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Cariacica, ele falou sobre os padrões de comportamento que podem indicar uma violência ou uma vulnerabilidade.
Todos os profissionais devem estar atentos aos sinais e sintomas físicos e comportamentais associados à violência ou à negligência, mesmo que até o momento não se tenha evidências fortes que subsidiem as recomendações deste rastreamento”, assinalou.
Ele ressaltou que estes podem sinalizar que algo está ocorrendo, para o qual não há possibilidade de formulação verbal. Entre os sinais de violência física, ele listou alguns tipos de lesões, como as não compatíveis com a idade, as não justificáveis pelo acidente relatado, as bilaterais e as encontradas em várias partes do corpo.
O psicólogo enumerou ainda nove sinais físicos de violência sexual, além de 12 sinais comportamentais. Esses últimos são os que mais aparecem nas escolas, disse. “Os sinais comportamentais sãos mais explícitos. Temos que tomar como premissa que, antes de fazer qualquer indagação sobre os sinais comportamentais que aparecerem, precisamos observar se eles são compatíveis com a idade da criança ou adolescente”, alertou.
Clésio também falou sobre como abordar e acolher os alunos que estão ou indicam estar em situação de vulnerabilidade. Ele deu quatro orientações. Uma delas é que todo e qualquer membro da equipe de acolhimento deve proceder nesse momento de forma empática e respeitosa.
E fez quatro alertas importantes. O primeiro foi o de evitar julgamentos e comentários, indignação, censura, acusação ou confrontos. Todo o processo deve seguir com base em atuação ética e respeitosa da equipe escolar, destacou o psicólogo.
Como acolher
As variadas formas de acolhimento aos alunos em situação de violência no espaço escolar foram complementadas por Danielly Escórcio Barbosa Silva, que também é da Prefeitura de Cariacica, e atua na Secretaria Municipal de Educação.
Ela explicou que é necessário demonstrar interesse. “Ouvir sem mexer no celular. Se livrar das distrações e olhar para o outro”, enfatizou, listando ainda outras três formas de escuta genuína, se colocando à disposição do próximo.
Em seguida, Danielly explicou como agir intersetorialmente, começando pelo acolhimento até as ações compartilhadas.
Para agirmos intersetorialmente, não existe fórmula mágica. O que existe são ações humanas, com a intencionalidade e ação consciente”, assinalou.
Confira o segundo dia da oficina na íntegra
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