O Instituto Rui Barbosa, por meio do seu Comitê Técnico da Educação (CTE-IRB) e o Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) lançaram, nesta quinta-feira (25) os resultados do projeto “Educação que Faz a Diferença”. A pesquisa nacional mapeou redes municipais com bom desempenho no Ensino Fundamental e identificou as principais práticas de gestão e de acompanhamento pedagógico e administrativo adotadas.
No Espírito Santo, dois municípios foram reconhecidos por boas práticas. Vila Valério recebeu o selo de “bom percurso” para as redes de ensino que apresentaram evolução consistente na aprendizagem dos alunos e no fluxo escolar nos últimos anos, mas ainda não atingiram indicadores de excelência. Já Mantenópolis foi “destaque estadual”.
Coordenadora do Núcleo de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas de Educação (NEducação) do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES), a auditora Paula Sabra destaca os benefícios da ação. “O Projeto Educação que Faz a Diferença trouxe duas contribuições para o controle externo. Internamente ele apontou as variáveis educacionais com maior relevância para uma educação de qualidade, auxiliando a elaboração de matrizes de risco e a escolha de temas para futuras avaliações da política pública educacional”, afirmou.
“Externamente, o projeto identificou exemplos a serem seguidos, redes públicas de ensino e ações educacionais nas quais os municípios capixabas podem se espelhar para promover ações visando a melhoria da qualidade de suas redes”, concluiu Paula.
Redes locais
Identificada como “bom percurso”, Vila Valério possui 1.065 matrículas em 3 escolas urbanas e 372 em 9 escolas rurais de Ensino Fundamental. A maioria dos gestores da Secretaria de Educação é professor efetivo da própria rede e conhece bem os desafios que os educadores enfrentam no dia a dia da sala de aula. Em uma das escolas visitadas, verificou-se a existência de diversos projetos para engajar os estudantes, como o “Show de Talentos”, em que os alunos trabalham suas habilidades artísticas em apresentações para os colegas; e o “Aluno Nota 10”, que premia com celulares e notebooks aqueles que se destacam no 9º ano.
Já Mantenópolis, “destaque estadual”, tem 5 escolas urbanas, com 1.120 matrículas, e 4 rurais, com apenas 69. Segundo os educadores, a equipe da Secretaria realiza visitas constantes às escolas sob sua jurisdição e há uma relação harmoniosa entre Secretaria, escolas e comunidade. Entre os projetos existentes na rede, vale mencionar aqueles voltados à busca de equidade, como o “De Mãos Dadas com a Aprendizagem”, com foco nos estudantes do 1º ao 3º ano que apresentam dificuldade de acompanhar a turma; e o “Superando Obstáculos”, que oferece aulas de reforço em matemática, no contraturno, para estudantes do 6º ao 9º ano.
O QUE MAIS O ESTUDO TRAZ
1. Reconhecimento de redes de ensino de destaque
Foram identificadas 118 redes de ensino municipais com bons resultados no Ensino Fundamental e que também atingiram critérios mínimos de qualidade na Educação Infantil. Cada uma delas recebe um selo de qualidade, a depender do patamar em que se encontra: selo Excelência, selo Bom Percurso e selo Destaque Estadual.
2. Mapeamento de boas práticas no Ensino Fundamental
A partir da pesquisa em campo em 116 escolas de 69 redes de ensino, em todos os Estados, foram identificadas as práticas comuns que contribuem para os bons resultados alcançados. As estratégias e ações evidenciadas são, principalmente, no âmbito da Secretaria de Educação.
Redes elegíveis
Todas as redes municipais e ensino do País com pelo menos 5 escolas de Ensino Fundamental e no mínimo 150 matrículas na etapa eram elegíveis, independentemente do nível socioeconômico dos alunos atendidos.
Indicadores analisados
Ensino Fundamental
- Aprendizado dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática, segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb 2017);
- Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) atual e evolução desde 2005;
- Taxa de aprovação, em 2018, de acordo com o Censo Escolar.
Educação infantil
- Taxa de atendimento de crianças de 0 a 3 anos;
- Total de alunos por turma.
Com isso, buscou-se identificar redes que:
- a) Buscam garantir a aprendizagem da maioria dos alunos;
b) Esforçam-se para reduzir as desigualdades e não deixar ninguém para trás;
c) Trabalham para que todos os alunos fiquem na escola;
d) Apresentam avanços consistentes na aprendizagem dos alunos ao longo dos anos;
e) Apresentam Ideb acima do esperado dado o nível socioeconômico dos alunos.
Olhou-se para indicadores semelhantes para a concessão dos selos, o que variou foi o nível de exigência de cada um, sendo Excelência o mais rigoroso de todos e, na sequência, Bom Percurso.
Metodologia
Para as análises quantitativas, foram utilizados dois modelos: Regressão Probit e Análise Qualitativa Comparativa (QCA, na sigla em inglês). Para a pesquisa qualitativa, a fim de compreender em profundidade as práticas e estratégias utilizadas, 65 técnicos de todos os 28 Tribunais de Contas com jurisdição na esfera municipal visitaram 116 escolas de 69 redes de ensino, em todos os Estados. Na Secretaria de Educação, buscaram entrevistar o(a) secretário(a) e pessoas-chave de sua equipe. Nas escolas, entrevistaram professores, coordenadores pedagógicos, diretores, alunos e seus pais/responsáveis, além de assistirem a aulas.
Principais práticas pedagógicas comuns às redes e associadas a bons resultados no ensino fundamental
- Utilização de sistemas de gestão e de acompanhamento dos estudantes;
- Suporte constante por parte das Secretarias de Educação, com visitas frequentes às escolas;
- Monitoramento contínuo da aprendizagem dos alunos;
- Investimento na gestão escolar, com incentivo ao protagonismo das escolas;
- Oferta constante e diversificada de formação continuada aos educadores;
- Cultura de observação de aulas, com devolutivas construtivas.
Clique aqui e confira aqui a íntegra do estudo.
Com informações da Assessoria de Comunicação do TCE-RS
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